Ao pôr do sol desta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, o calendário da Bíblia aponta para o início do Yom Kippur, o Dia da Expiação, considerado o dia mais sagrado (kadosh) do ano. Esse shabat solene, que se estenderá até o pôr do sol de quinta-feira, 2 de outubro, convida os fiéis a um jejum total, introspecção profunda e reconciliação com Yhwh, marcando o ápice dos “Dez Dias de Arrependimento” iniciados no Yom Teruah.
Diferentemente das shabatot semanais ou anuais como a Pessach, onde o tempo deve ser celebrado com alegria, o Yom Kippur exige não apenas o cessar de todo trabalho, mas a “aflição da alma” – um ato de humildade e busca por perdão pelos erros do ano.
O Mandamento e a Singularidade do Dia.
Estabelecido em Vayikra (Levítico) 23:26-32, o Yom Kippur é ordenado no 10º dia do sétimo mês (Etanim): “É um dia de expiação, para fazer expiação por vocês perante Yhwh, seu Elohim. Todo aquele que não afligir a si mesmo nesse dia será eliminado de seu povo.”
Essa shabat de shabaton – descanso absoluto – proíbe qualquer atividade, incluindo prazeres seculares, contrastando com a alegria da shabat semanal (Yeshayahu 58:13-14) ou as restrições parciais das festas da Pessach. O povo de Deus também é convocado a um jejum, do anoitecer do dia 9 ao anoitecer do dia 10 (1º a 2 de outubro, no ano de 2025, no calendário católico). Este jejum deve ser acompanhado de orações intensas e meditação sobre pecados, renovando a aliança com o Criador.
Origem: Da Tragédia à Instituição Divina.
O Yom Kippur surgiu após um evento trágico no segundo ano após a saída do Egito: Nadav e Avihu, filhos de Aharom, ofereceram “fogo estranho” no Mishkan (Tabernáculo) e foram consumidos pela glória de Yhwh (Vayikra 10:1-2). Esse incidente revelou a separação do lugar onde repousaria a presença de Deus e a necessidade de purificação anual.
Em Vayikra (Levítico) 16, Yhwh instrui Aharom sobre o ritual: um novilho pela expiação pessoal, dois cabritos pela assembleia – um sacrificado e o outro, o “bode emissário”, enviado ao deserto carregando os pecados do povo para Azazel (HaSatan). Com incenso formando uma nuvem sobre a Arca, o sumo sacerdote entrava no lugar separado, do lugar separado uma vez por ano, simbolizando a ponte entre o divino e o humano.
Esse ritual, realizado no Yom Kippur, purificava o povo, o Mishkan e os sacerdotes, destacando a misericórdia de Yhwh apesar da impureza humana. Hoje, sem o Tabernáculo, o foco está na essência espiritual: humildade, arrependimento e confiança na expiação.
Significado Profético: De Yeshua ao Julgamento Final.
Profeticamente, o Yom Kippur aponta para a redenção consumada em Yeshua HaMashiach, o Cordeiro de Deus que removeu o pecado do mundo (Yohanan 1:29), cumprindo o papel do bode expiatório ao receber nossas iniquidades para o “deserto” da cruz. No futuro, ecoa o confinamento de HaSatan ao abismo por mil anos (Hitgalut/Revelação 20:1-3), como o bode emissário simbolizava a remoção do mal. Culminando os selos e trombetas do Apocalipse, é um ensaio do julgamento final no “grande e temível dia de Yhwh” (Yoel 2:23-32), quando a terra será expiada e Yeshua reinará em justiça.
Para os mosaico-cristãos, guardar o Yom Kippur significa jejum, oração e exame de consciência, celebrando a vitória de Yeshua sobre o pecado e aguardando sua volta. Nesta noite de 1º de outubro, que o Yom Kippur desperte corações para a verdadeira expiação, renovando a aliança eterna com Yhwh e antecipando a era messiânica de paz.