O Irã realizou um ataque com centenas de mísseis balísticos contra Israel neste início de semana, em resposta a uma série de bombardeios israelenses que atingiram alvos militares e nucleares iranianos na última sexta-feira (13), dia sagrado para os muçulmanos.
A escalada do conflito entre os dois países, marcada por explosões em Tel Aviv e Jerusalém, deixou mortos e feridos em ambos os lados, intensificando os temores de uma guerra regional no Oriente Médio.
O Contexto do Ataque
A ofensiva iraniana foi desencadeada após Israel lançar a “Operação Leão Ascendente” na madrugada de sexta-feira (13/06, horário local), descrita como o maior ataque militar contra o Irã desde a guerra Irã-Iraque na década de 1980.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), a operação envolveu 200 caças, que lançaram mais de 330 munições contra mais de 100 alvos, incluindo a principal instalação de enriquecimento de urânio em Natanz, bases militares e figuras-chave do regime iraniano.
Entre os mortos no Irã estão o comandante da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Mohammad Bagheri, e pelo menos seis cientistas nucleares, incluindo Fereydoon Abbasi, ex-chefe da agência nuclear do país. A mídia estatal iraniana reportou 78 mortes apenas em Teerã, com mais de 320 feridos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, justificou os ataques como “preventivos”, alegando que o programa nuclear iraniano representa uma “ameaça existencial” a Israel.
Ele afirmou que a operação visava “frustrar a capacidade nuclear e de mísseis balísticos do Irã” e encorajou o povo iraniano a se rebelar contra o regime dos aiatolás.
A Resposta Iraniana
Em retaliação, o Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel, em uma operação chamada “Promessa Verdadeira 3” pela Guarda Revolucionária. Explosões foram registradas em Tel Aviv e Jerusalém, com sirenes de alerta antiaéreo acionadas em todo o país. As IDF afirmaram que a maioria dos mísseis foi interceptada, mas alguns atingiram áreas civis, resultando em pelo menos três mortes e 63 feridos, segundo a mídia israelense.
A agência estatal iraniana IRNA informou que dois caças israelenses foram abatidos no espaço aéreo iraniano, embora Israel negue a alegação. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu “duros golpes” contra Israel, declarando que o país “não escapará impune” e que a retaliação deixará Israel “miserável”.
Repercussões Internacionais
A comunidade internacional reagiu com preocupação, pedindo contenção para evitar uma escalada ainda maior. O governo brasileiro condenou a ofensiva israelense, classificando-a como uma “violação à soberania iraniana” e instando as partes a cessarem as hostilidades. O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que os ataques foram uma decisão unilateral de Israel e pediu que o Irã “feche um acordo nuclear antes que seja tarde demais”. A China e a Rússia também criticaram a ação israelense, enquanto a União Europeia apelou por uma “resolução diplomática urgente”.
A sexta rodada de negociações nucleares entre Irã e EUA, marcada para 15 de junho em Omã, foi suspensa, aumentando as incertezas sobre o futuro do programa nuclear iraniano. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou que o Irã violou obrigações de não proliferação nuclear, citando o enriquecimento de urânio a 60%, próximo ao nível necessário para armas nucleares.
Impactos Regionais
Israel, Irã e Jordânia fecharam seus espaços aéreos, e o Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, suspendeu operações. Em Israel, escolas foram fechadas, e a população foi orientada a buscar abrigos. Hospitais israelenses transferiram pacientes para áreas subterrâneas, e campanhas de doação de sangue foram iniciadas.
No Irã, a economia, já pressionada por sanções internacionais, enfrenta novos desafios com a destruição de infraestrutura militar e nuclear. Protestos esporádicos contra o regime, que ganharam força desde 2022, podem se intensificar diante da crise.
Perspectivas Futuras
Analistas alertam que a troca de ataques diretos entre Irã e Israel marca uma nova fase no conflito, com risco de envolver aliados regionais como Hezbollah e milícias pró-Irã no Iraque. A ausência de uma solução diplomática iminente e a retórica beligerante de ambos os lados sugerem que a tensão permanecerá alta.
Enquanto Netanyahu promete “mais ações” e Khamenei garante uma resposta “esmagadora”, o mundo observa com apreensão, temendo as consequências de um conflito de proporções imprevisíveis.
Fontes: BBC News Brasil, CNN Brasil, G1, Reuters