O erro de Adam e Chawah desencadeou uma transformação radical na natureza das criaturas terrestres.
Quando a humanidade caiu, toda a criação gemeu sob a maldição (Romanos 8:22). O que antes era harmonia tornou-se competição; o que era vida abundante deu lugar à morte.
As Escrituras revelam que a terra foi amaldiçoada por causa do homem (Gênesis 3:17), e essa maldição afetou profundamente os padrões alimentares da criação.
Nas sombras da Queda, testemunhamos uma trágica inversão de valores:
A dieta vegetariana original foi substituída pela carnivoridade.
A cooperação deu lugar à predação.
A vida que sustentava a vida, transformou-se em morte de um, sustentando-se da vida de outro.
O relato bíblico mostra como, gradualmente, os seres humanos e animais adotaram hábitos alimentares violentos. A degeneração foi tão profunda que levou alguns a extremos, como o canibalismo – uma abominação que jamais fez parte do propósito divino.
O caso de Hevel (Abel) é particularmente revelador. Enquanto Kayn cultivava a terra, Hevel criava ovelhas – inicialmente provavelmente para obter lã e leite. No entanto, pode-se imaginar que Hevel não se alimentava de seus rebanhos?
O livro de Yasher afirma que Hevel não só comia da carne de seu rebanho como, com ele, alimentava seu irmão Kayn e, possivelmente, seus pais e suas irmãs (Yasher 1:19).
É crucial notar que esta prática surgiu sem autorização explícita divina e representou uma adaptação humana à nova realidade após a expulsão do Éden, demonstrando como o pecado distorceu até mesmo nossa relação com os alimentos.
A introdução da carne na dieta humana e também animal, ocorreu, portanto, como consequência do erro, não como parte do plano original de Deus. Esta transição alimentar reflete a profunda ruptura na relação entre o homem, os animais e Deus.
O próximo capítulo explorará como Deus, em Sua misericórdia, estabeleceu limites mesmo nesta nova realidade, distinguindo entre animais permitidos e proibidos para consumo. Mas nunca devemos esquecer que o consumo de carne sempre foi, em sua essência, uma concessão divina à fraqueza humana, nunca o ideal original do Criador.