O Livro de Ma’asei HaShlichim, conhecido como Atos dos Apóstolos, apresenta nos capítulos 6 e 7 a história vibrante de Stefanos, frequentemente chamado de Estevão, mas cujo nome hebraico era Shaul.
Escolhido como diácono, Stefanos era um homem cheio do Espírito de Yhwh, realizando sinais, curas e superando em debates os mais diversos líderes religiosos de sua época.
Sua ousadia, porém, despertou a inveja de adversários, que o acusaram falsamente de blasfêmia, levando-o a uma condenação à morte.
No momento de seu julgamento, Stefanos pronunciou uma acusação poderosa contra seus acusadores, registrada em Atos 7:53:
“Vocês receberam a Torá (Lei), conforme transmitida por mensageiros celestiais, mas não a guardaram.”
Essa declaração é um divisor de águas. Se a Torá (Lei de Moisés) tivesse sido abolida após a morte e ressurreição de Yeshua HaMashiach, qual seria o sentido da acusação de Stefanos? Nenhum.
A força de sua crítica reside no fato de que a Torá permanecia válida e obrigatória, e os líderes religiosos, apesar de sua aparente devoção, falhavam em obedecê-la verdadeiramente, priorizando tradições humanas em detrimento dos mandamentos de Yhwh.
Yeshua mesmo afirmou a permanência da Torá em Matay (Mateus) 5:18:
“Porque, em verdade, vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um yod ou um traço da Torá passará, até que tudo se cumpra.”
Aqui, Yeshua enfatiza que a Torá é eterna e imutável. Cada yod, a menor letra do alfabeto hebraico, simboliza a precisão e a integralidade dos mandamentos de Yhwh. Contudo, a Torá também possui uma dimensão profética, servindo como uma “sombra” que aponta para realidades espirituais.
Shaul, conhecido como Paulo, ecoa essa ideia em Colossenses 2:17, ao descrever o shabat e outros mandamentos como “uma sombra das coisas que viriam, mas a realidade pertence ao Mashiach.”
Assim, os shabats, incluindo o shabat do sétimo dia, são tanto mandamentos a serem obedecidos quanto símbolos que conectam o passado, o presente e o futuro.
Eles relembram a criação divina, refletem a aliança de Yhwh com Seu povo e prenunciam as ações futuras do Mashiach.
Guardar o shabat é, portanto, um ato de fidelidade que honra o Criador e alinha o fiel com Seu plano redentor.
A acusação de Stefanos desafia todos nós a examinar nossa relação com a Torá. Longe de ser um fardo, ela é um presente que nos guia à obediência e nos aproxima de Yhwh.