Embora a ordem formal para celebrar o Pessach esteja registrada somente nos dias de Mosheh, em Shemot (Êxodo/Nomes), sua origem é muito mais antiga, remontando aos primórdios da humanidade e carregando um significado profético que aponta para a redenção em Yeshua HaMashiach (O Ungido).
O Pessach, ou “Passagem” (Páscoa), não é apenas um memorial da libertação do Egito (Mitzrayim), mas um símbolo eterno do sacrifício substitutivo que resgata a humanidade do erro (pecado).
A tradição judaica sugere que, no 14º dia do primeiro mês (Aviv, ou Abib), Adam e Chawah (Eva) pecaram ao comer do fruto proibido, trazendo a morte e a separação de Yhwh.
Para cobrir sua nudez e vergonha, Yhwh providenciou vestes de pele, conforme descrito em Bereshit (Gênesis) 3:21:
“Yhwh Elohim fez vestes de pele para Adão e sua esposa, Chawah, e os vestiu.”
Esse ato implica o sacrifício de um animal, tradicionalmente entendido como um cordeiro, que prefigura o Cordeiro de Yhwh.
Assim, já no Éden, o Pessach surge como um símbolo do sacrifício substitutivo, apontando para a redenção que viria por meio de Yeshua.
O tema do sacrifício substitutivo reaparece na vida de Avraham, quando Yhwh ordena que ele ofereça seu filho Yitzhak (Isaac) como sacrifício. No momento crucial, Yhwh providencia um cordeiro em seu lugar, conforme Bereshit (Gênesis/Princípio) 22:13:
“Avraham levantou os olhos e viu um carneiro preso pelos chifres numa moita. Então, Avraham foi até lá, pegou o carneiro e o ofereceu como oferta queimada em lugar de seu filho.”
Esse evento, também é associado pela tradição ao 14º dia de Aviv, reforça o Pessach como um sinal de que Yhwh provê um substituto para redimir Seu povo, apontando novamente para o sacrifício de Yeshua HaMashiach.
A instituição formal do Pessach ocorre em Shemot (Êxodo/Nomes) 12:1-18, quando Yhwh dá instruções a Mosheh e Aharon antes da décima praga contra o Egito — a morte dos primogênitos:
“Yhwh disse a Mosheh e a Aharon na terra do Egito:
‘Este mês será o começo dos meses; será o primeiro mês do ano para vocês. Diga a toda a assembleia de Yisrael:
No dia 10 deste mês, cada um deve pegar um cordeiro para sua família, um por casa.
Se a família for pequena demais para comer o cordeiro, que o compartilhe com o vizinho mais próximo, conforme o número de pessoas.
O animal deve ser sadio, macho, de um ano, podendo ser um carneirinho ou um cabrito.
Ele será guardado até o dia 14 deste mês, e toda a congregação de Yisrael o abaterá entre o pôr do sol e a noite.
Pegarão um pouco do sangue e o aspergirão nas laterais e na viga superior da entrada das casas em que o comerem.
Naquela noite, comerão a carne assada no fogo, com pães sem fermento e ervas amargas.
Não comam nada cru nem cozido em água; assem o animal inteiro no fogo, incluindo cabeça, pernas e vísceras.
Não guardem nada para a manhã seguinte; o que sobrar deve ser queimado. Comam-no assim: com o cinto na cintura, sandálias nos pés e bastão na mão, às pressas.
É o Pessach de Yhwh. Pois naquela noite passarei pela terra do Egito e matarei todo primogênito, desde homens até animais, e executarei julgamento contra os deuses do Egito. Eu sou Yhwh.
O sangue será um sinal nas casas em que estiverem; verei o sangue e passarei por vocês, e a praga não os destruirá.
Esse dia será um memorial para vocês. Celebrem-no como festividade para Yhwh por todas as gerações; é um decreto permanente.’”
Esse evento marca o Pessach como um memorial da libertação de Yisrael, quando o sangue do cordeiro protegeu os primogênitos da morte.
A ordem de comer pão sem fermento por sete dias, do 15º ao 21º dia do primeiro mês, junto com os shabats anuais no 15º e 21º dias, reforça a separação desse período (Vayikra/Levítico/Chamou 23:6-8).
O Pessach encontra seu cumprimento supremo em Yeshua HaMashiach, o Cordeiro de Yhwh, que morreu no 14º dia do primeiro mês, conforme o calendário de Yhwh.
Sua morte substitutiva redime a humanidade do erro (pecado), como profetizado desde o Éden e prefigurado no sacrifício de Avraham e na libertação do Egito.
Em Matay (Mateus) 26:26-30, na véspera do Pessach, Yeshua institui uma nova forma de celebrar a festa:
“Enquanto comiam, Yeshua pegou um pão, deu graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: ‘Peguem, comam; isto representa meu corpo.’ Pegando um cálice, deu graças e o deu a eles, dizendo: ‘Bebam dele, todos vocês, pois isto representa meu sangue do pacto, derramado em benefício de muitos, para o perdão de erros (pecados).
Digo-lhes: não beberei novamente deste fruto da videira até aquele dia em que o beberei de novo com vocês no Reino de meu Pai.’ Após cantarem louvores, saíram para o Monte das Oliveiras.”
Essa “Ceia do Senhor”, celebrada com pão ázimo e vinho não fermentado, substitui o sacrifício de cordeiros pelo memorial do corpo e sangue de Yeshua, estabelecendo uma nova aliança ritual com seu povo.
Cada vez que os discípulos participam desse rito, eles “comem o sacrifício”, renovando sua crença de que Yhwh removeu o erro (pecado) do mundo através do seu Cordeiro (Yeshua) (Yohanan/João 1:29).
O Pessach é assim, um convite para lembrar a redenção divina — do Éden, do Egito (Mitzrayim) e do erro (pecado) através de Yeshua.
Guardá-lo e celebrá-lo é um ato de obediência e gratidão, celebrando o sacrifício substitutivo que nos livra da morte eterna.
Os shabats anuais do Pessach e da Festividade dos Pães Sem Fermento nos chamam a purificar nossas vidas do “fermento” do erro (pecado), a descansar em Yhwh e a antecipar o Reino vindouro.
Com pão ázimo, ervas amargas e hinos de louvor, e vinho não fermentado, somos convidados a reviver a história da redenção e a proclamar a vitória de Yeshua.
Nos capítulos seguintes, exploraremos os demais shabats anuais, descobrindo como cada um reflete o plano de Yhwh e nos prepara para viver em Sua presença eterna.