De todos os reformadores reconhecidos e bem recebidos pelos protestantes da atualidade, talvez o mais criticado pelo mosaicocristão seja John Calvino.
Calvino tinha apenas 8 anos quando Luther escreveu as 95 teses. Ao contrário de todos os seus antecessores, que pretendiam reformar o cristianismo, propondo uma mudança de conduta a Igreja Católica, Calvino nunca foi um reformador, ou seja, jamais tentou mudar da Igreja Cristã Romana, antes, foi um fiel defensor da criação de uma nova religião que atendesse os anseios e necessidades de seu grupo político e ideológico.
De todos os protestantes de sua época, com suas teorias, ele foi o que mais influenciou a política, a vida social e criou um modelo econômico com base da ascensão da burguesia, defendendo o lucro como a benção fundamental de Deus, diferentemente da Igreja de Roma, conservadora, que defendia a manutenção estática das castas e classes sociais e condenava o lucro como usura, uma iniquidade condenada por Deus.
A doutrina e ensino de Calvino foi classificada como calvinismo e se tornou a base da formação das Igrejas congregacionistas, que dão grande ênfase à autonomia de cada igreja local, ao puritanismo e presbiterianismo, comunidades que dão ênfase a principal abominação defendida por Calvino, de que Deus teria criado todo ser vivo e escolhido aqueles que daria vida eterna e aqueles que criou para condenar, criando assim a doutrina da predestinação.
Essa abominação defendida por Calvino ganhou um viés político que se tornou base para outra abominação defendida por muitas comunidades cristãs brasileiras da atualidade, a teoria da prosperidade.
Isso, porque a partir do momento em que Calvino passou a defender a predestinação, precisaria de uma régua que possibilitasse pontuar quais foram criados predestinados ao reino dos céus e quais teriam sido criados predestinados ao fogo do inferno.
Calvino poderia ter utilizado como régua a Lei de Deus, ou seus mandamentos, mas se tornou mais uma oportunidade perdida quando para ganhar apoio da burguesia ascendente que abraçaria sua doutrina por conveniência e influenciaria o posicionamento político nada “nazareno”, ou “verdadeiramente cristão” até hoje, pois estabeleceu como régua, o sucesso financeiro de cada indivíduo.
Em outras palavras, para Calvino, o cidadão que ascendesse econômica e socialmente teria sido criado para o reino dos céus, aquele que estivesse estagnado social e politicamente ou empobrecesse, seria este o seu selo para o fogo do inferno.
Essa crença levaria os puritanos a criarem “novas leis e doutrinas” não bíblicas e sem respaldo na Lei de Deus, que levariam muitos influenciados por esta doutrina, e entre eles, principalmente, os puritanos, a condenarem como atos diabólicos, os jogos, o uso de joias e ornamentos caros, a dança e a apreciação de festividades, uma vez que para se desfrutar de tais práticas é necessário um investimento que pode eventualmente levar ao empobrecimento.
Desta forma, podemos observar que Calvino passou a se tornar um símbolo de sucesso em seu protestantismo, pois seu ensino favorecia a burguesia ascendente, condenava a crise da nobreza e o conservadorismo católico, favorecia a ideia de que pobres e escravos deveriam sofrer, pois eram pecadores condenados ao inferno e principalmente, ignorava os ensinos de Yeshua que ordenada que o jovem rico que praticava tudo que lhe convia para enriquecer em meio a uma sociedade corrupta, crendo ser essa a ordem de Deus em seus mandamentos, a vender tudo que tinha e dar aos pobres.
O mesmo Yeshua dizia que era mais fácil um camelo passar por dentro de uma agulha do que um rico adentrar o reino dos céus.